Fotografia Helena Frias
O escritor Possidónio Cachapa apresentou na passada quinta-feira o seu novo
romance
" eu sou uma árvore",
na Biblioteca Publica e Arquivo de Ponta Delgada, numa iniciativa da Direção
Regional da Cultura, estando a apresentação da obra a cargo da Doutora Ana
Cristina Gil, docente da Universidade dos Açores.
Ana
Cristina Gil, na sua apresentação, afirmou que neste romance encontramos três
eixos nucleares: primeiro a história de uma família, tendo na sua génese a incomunicabilidade
entre os
seus membros e uma vincada solidão"
« Talvez até tenha dito. Mas este não ouviu (...) Pai, fiz uma descoberta...» ia
dizer, mas não disse. Durante anos e anos, não disse." ; um retrato de
época de um país, Portugal, salazarista, provinciano, tacanho, onde o lugar das
mulheres se o há, é pura submissão, muito menos lugar para a homossexualidade;
por último a existência humana, e a procura de uma identidade nacional, numa
reflexão sobre onde nascemos, aquilo que somos e para onde vamos.
Durante
a sessão o escritor respondeu a questões colocadas pelos presentes na sala,
assim como aos que estavam em direto através da aplicação do Facebook. Possidónio
Cachapa explicou a importância dos livros, sendo estes um meio que nos ajuda a
saber mais e a compreender melhor o mundo. Disse ainda que "os livros não
se contam leem-se", desvendando um pouco do livro e do seu método de criação
literária, e que neste caso levou 7 anos a concluir o romance.
O
autor acredita na redenção do Homem, na redenção da humanidade, fazendo sentir
essa crença, quando possibilita a Samuel personagem basilar de "eu sou uma árvore", a sua própria
redenção «Então, finalmente, Samuel abriu
os olhos, (...) e, num grito que se ouviu bem longe, fez saber que continuaria
vivo. Que estava vivo. Ali, agora. No lugar que escolhera chamar «casa». A sua.
Até ao fim.»
Possidónio
Cachapa, escritor traduzido em várias línguas, agora publicado pela importante
editora Companhia das Letras, nesta sessão evidenciou uma boa interação com os
poucos leitores presentes no evento. O escritor nascido em Évora, viveu na ilha
Terceira no arquipélago dos Açores durante alguns anos. O autor destacou-se no panorama literário com
o emblemático romance "Materna Doçura" (1998), aclamado pela crítica
e considerado um dos maiores escritores da sua geração, para além da escrita,
revelou a faceta de realizador de cinema com o filme "Adeus á Brisa",
sobre vida e obra de Urbano Tavares Rodrigues.