domingo, 9 de outubro de 2016

Escritor Possidónio Cachapa em Ponta Delgada

Fotografia Helena Frias

O escritor Possidónio Cachapa apresentou na passada quinta-feira o seu novo romance " eu sou uma árvore", na Biblioteca Publica e Arquivo de Ponta Delgada, numa iniciativa da Direção Regional da Cultura, estando a apresentação da obra a cargo da Doutora Ana Cristina Gil, docente da Universidade dos Açores.
Ana Cristina Gil, na sua apresentação, afirmou que neste romance encontramos três eixos nucleares: primeiro a história de uma família, tendo na sua génese a incomunicabilidade  entre os  seus membros e uma vincada solidão" « Talvez até tenha dito. Mas este não ouviu (...) Pai, fiz uma descoberta...» ia dizer, mas não disse. Durante anos e anos, não disse." ; um retrato de época de um país, Portugal, salazarista, provinciano, tacanho, onde o lugar das mulheres se o há, é pura submissão, muito menos lugar para a homossexualidade; por último a existência humana, e a procura de uma identidade nacional, numa reflexão sobre onde nascemos, aquilo que somos e para onde vamos.
Durante a sessão o escritor respondeu a questões colocadas pelos presentes na sala, assim como aos que estavam em direto através da aplicação do Facebook. Possidónio Cachapa explicou a importância dos livros, sendo estes um meio que nos ajuda a saber mais e a compreender melhor o mundo. Disse ainda que "os livros não se contam leem-se", desvendando um pouco do livro e do seu método de criação literária, e que neste caso levou 7 anos a concluir o romance.  
O autor acredita na redenção do Homem, na redenção da humanidade, fazendo sentir essa crença, quando possibilita a Samuel personagem basilar de "eu sou uma árvore", a sua própria redenção «Então, finalmente, Samuel abriu os olhos, (...) e, num grito que se ouviu bem longe, fez saber que continuaria vivo. Que estava vivo. Ali, agora. No lugar que escolhera chamar «casa». A sua. Até ao fim.»
Possidónio Cachapa, escritor traduzido em várias línguas, agora publicado pela importante editora Companhia das Letras, nesta sessão evidenciou uma boa interação com os poucos leitores presentes no evento. O escritor nascido em Évora, viveu na ilha Terceira no arquipélago dos Açores durante alguns anos.  O autor destacou-se no panorama literário com o emblemático romance "Materna Doçura" (1998), aclamado pela crítica e considerado um dos maiores escritores da sua geração, para além da escrita, revelou a faceta de realizador de cinema com o filme "Adeus á Brisa", sobre vida e obra de Urbano Tavares Rodrigues.

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