Ian McEwan é um
dos escritores contemporâneos mais emblemáticos da sua geração,
notabilizando-se no campo das letras com vários romances premiados tais como: Amesterdão
vencedor do Booker Prize em 1998, Expiação em 2002, vencedor do prémio
US National Book Critics, como melhor livro de ficção adaptado mais tarde ao
cinema em 2007, pela mão do famoso realizador Joe Wright, tendo como atores principais
Keira Knightley e James McAvoy. O romance Na Paria de Chesil valeu-lhe
o Galaxy Book of The Year e Reader’s.
Numa Casca de
Noz é o mais recente livro do aclamado escritor Inglês, da rentrée literária, editado em Portugal pela editora Gradiva. No género literário de eleição de
McEwan - o romance - deparamo-nos com a mestria do autor em abordar temas
clássicos como o adultério e a traição, habitantes de muitas páginas da grande
literatura ocidental. Encontramos a explicação para o título na nota de
abertura do livro, numa reflexão sobre o poder, bem como, a ausência de
capacidade em mudar as coisas, remetendo o leitor para o mundo Shakespeariano,
em particular Hamlet, com a seguinte citação “Oh, Deus, eu podia estar fechado numa casca de noz e sentir-me rei de
um espaço infinito, não fora ter pesadelos.”
Mas, o que traz de novo este livro? Toda a
trama do romance é dada a conhecer através da fala vivíssima de um narrador
intrigante e peculiar, um nascituro. “PARA
AQUI ESTOU EU, de pernas para o ar dentro de uma mulher. Com os braços
cruzados, à espera, à espera e a perguntar-me dentro de quem estou, para que
estou aqui. (...) Agora completamente invertido, sem um centímetro de espaço
para mim, com os joelhos apertados contra a barriga, os meus pensamentos, tal
como a minha cabeça, estão no sítio devido. (...) Escuto, tomo notas
mentalmente e inquieto-me. Oiço conversas de travesseiro de intenções
mortíferas e fico aterrorizado com o que me espera, com o que pode envolver-me.
"
Narrador na
primeira pessoa o feto, sem nome, é especialista em vinhos franceses e
encontra-se numa situação de cumplicidade, testemunha (mesmo que não o deseje),
das intensões de Trudy, sua mãe, que ingere grandes quantidades de
álcool, amante do seu cunhado Claude, que conspiram em assassinar John marido e
pai da criança.
Mas, o que pode
ele fazer naquele espaço de clausura? Numa leitura suave e divertida, cabe ao
leitor descobrir.
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