segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Numa Casca de Noz de Ian McEwan



Ian McEwan é um dos escritores contemporâneos mais emblemáticos da sua geração, notabilizando-se no campo das letras com vários romances premiados tais como: Amesterdão vencedor do Booker Prize em 1998, Expiação em 2002, vencedor do prémio US National Book Critics, como melhor livro de ficção adaptado mais tarde ao cinema em 2007, pela mão do famoso realizador Joe Wright, tendo como atores principais Keira Knightley e James McAvoy. O romance Na Paria de Chesil valeu-lhe o Galaxy Book of The Year e Reader’s.
Numa Casca de Noz é o mais recente livro do aclamado escritor Inglês, da rentrée literária, editado em Portugal pela editora Gradiva. No género literário de eleição de McEwan - o romance - deparamo-nos com a mestria do autor em abordar temas clássicos como o adultério e a traição, habitantes de muitas páginas da grande literatura ocidental. Encontramos a explicação para o título na nota de abertura do livro, numa reflexão sobre o poder, bem como, a ausência de capacidade em mudar as coisas, remetendo o leitor para o mundo Shakespeariano, em particular  Hamlet,  com a seguinte citação “Oh, Deus, eu podia estar fechado numa casca de noz e sentir-me rei de um espaço infinito, não fora ter pesadelos.”
Mas, o que traz de novo este livro? Toda a trama do romance é dada a conhecer através da fala vivíssima de um narrador intrigante e peculiar, um nascituro. “PARA AQUI ESTOU EU, de pernas para o ar dentro de uma mulher. Com os braços cruzados, à espera, à espera e a perguntar-me dentro de quem estou, para que estou aqui. (...) Agora completamente invertido, sem um centímetro de espaço para mim, com os joelhos apertados contra a barriga, os meus pensamentos, tal como a minha cabeça, estão no sítio devido. (...) Escuto, tomo notas mentalmente e inquieto-me. Oiço conversas de travesseiro de intenções mortíferas e fico aterrorizado com o que me espera, com o que pode envolver-me. "
Narrador na primeira pessoa o feto, sem nome, é especialista em vinhos franceses e encontra-se numa situação de cumplicidade, testemunha (mesmo que não o deseje), das  intensões de Trudy, sua mãe, que ingere grandes quantidades de álcool, amante do seu cunhado Claude, que conspiram em assassinar John marido e pai da criança.  
Mas, o que pode ele fazer naquele espaço de clausura? Numa leitura suave e divertida, cabe ao leitor descobrir.


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